quinta-feira, 22 de agosto de 2013

6 WAY - “ZOMBIFIED HUMANITY” (resenha)

6 WAY - “ZOMBIFIED HUMANITY” (2012)
Por Léo Manhães (ex-Vômito)

Coloquei o CD para rolar exatamente às 18:01 horas do gelado dia 17 de julho  de 2012, ano em que acabaria o mundo...  Bem, se depender deste 6-way CD, tudo virá abaixo mesmo, uma reunião de fudidas bandas da cena Gore/Grind  tupiniquim; abrindo este CD  podemos conferir o som da SYPHILITIC ABORTION. Instrumental sujo totalmente cativante com vocais insanos e carregados de pitch, puro Gore Grind muito bom, feito por quem entende do assunto; sua formação neste registro conta com o Goulart e o Corvo nas cordas (eles tocavam na extinta PREMATURE AUTOPSY), também no time o Elton (baterista da lendária banda SARCASTIC). O som é sujo, rápido e com efeitos até o talo para os vocais (como gosto disso!!!) e os títulos das músicas são singelos, como um tiro de doze na cara. Sem dúvida uma das melhores bandas do gênero aqui no Brasil na atualidade; a seguir curtimos o som da MITHRUBICK. Porra, é uma grande satisfação estar resenhando o som destes meus amigos e conterrâneos, que estão ativos já há um bom tempo. Este registro  é puro Death/Grind, pesado, agressivo e tocado de forma  inconfundível pelos caras. No encarte não menciona, mas esta gravação ainda tem em sua formação o Dôdo, que fazia o vocal com efeito e o baixo, mas ele deixou a banda e eles voltarm a ser um power  trio. O instrumental é pesado e muito bem executado; baixo sujo, guitarras pesadas e bateria espancada brutalmente como só o Nando faz. Para quem aprecia aquele bom e velho Death Metal na linha de NAPALM DEATH da fase Harmony Corruption com toques de Bolt Thrower, cito-as apenas para situarmos melhor o som, por que identidade e personalidade eles tem de sobra; sua temática é voltado ao Core, Brutal !!! Na sequencia rola a "two men band" TRITURADOR, onde o Charles assume todas as vociferações, enquanto Jorge Filho responde pelo instrumental Gore/Grind muito intenso e bem tocado, músicas extremamente rápidas com vocais que variam do gutural (no seco, muito bom) com passagem com efeitos com uma pegada Grind que empolga bastante. Apreciadores de pancadaria escancarada e gratuita irão deleitar-se com o som desta brutal banda; eles ainda tocam um cover do Mortician que ficou muito bom. A quarta banda do CD é o MASS OF SHIT que segue a linha da brutalidade; porra, esse pedaço de plástico é bombástico... Mas voltando ao M.O.S., é uma banda muito fudida, um batera que arregaça e tomou generosos goles na fonte do Grind, vocal poderoso e instrumental muito bom, mas que ficou um pouco baixo na mixagem em proporção à voz e à bateria, nada que comprometa ou tire o mérito deste fudido registro. Mas o som ficou com pouco peso; indiferente à isso, a música é muito foda, Grind/Gore recomendável à admiradores do estilo. A seguir temos o HIERARCHICAL PUNISHMENT com seu poderoso Death/Grind na linha de velhas escolas, principalmente do inicio dos anos ’90; muito bem executado, com temática lírica direcionada ao Core. Cara, essa banda me remeteu à uma época onde a sonoridade era intensa, brutal e crua, mas que há muito, está esquecida. Ótima banda, com identidade e personalidade indiscutíveis na execução de seus petardos e, para fechar o cd temos o RANCID FLESH, que neste registro conta com dois integrantes em sua formação. E neste registro, gravaram somente covers de bandas dos primórdios do Splatter  e do Gore, e apenas uma composição própria; vocais carregados de efeito, bateria com uma programação brutalmente insana, eles nos apresentam sua versão para o som de bandas como XYSMA, CARCASS, DEAD INFECTION, L.D.O.H.  entre outras;  quem curte música extrema em sua forma mais brutal, não deixar de conferir este CD.

BRUTAL MORTICÍNIO - DESPERTAR DOS CHACAIS... O OUTONO DOS POVOS (resenha)

BRUTAL MORTICÍNIO - DESPERTAR DOS CHACAIS... O OUTONO DOS POVOS
Por nekromanthorn@yahoo.com.br
(Estandarte do Inferno Distro)

A união de distros e selos tornou possível este relançamento do debut-cd que leva o mesmo nome, adicionado à três bônus. A horda Brutal Morticínio vem se destacando no underground extremo gaúcho, por relacionar história e posicionamento político com o Metal Negro. O posicionamento da horda à extrema esquerda permite criticar o mal realizado pelos homens brancos cristãos e elogiar os povos latino americanos, principalmente por assumirem uma postura contrária a qualquer tipo de exploração social/econômica/cultural. Como foi dito em entrevista ao blogue Metal Milícia 666: “ O cristianismo e seu fiel escudeiro, o capitalismo, são a origem de toda a pobreza e atraso de nossa nação sul-americana. Temos a compreensão do ser humano como mais um animal, parte da natureza. Somos contra qualquer forma de exploração social/econômica/cultural”. A horda desta forma expressa a sua preocupação com a “nação sul americana” do tempo presente, população esta cristã, em sua maioria. A ideologia da horda é bastante expressiva e, por que não dizer também, corajosa. De forma alguma eles fogem de um debate, pois as letras estão contidas no encarte deste CD, em português e traduzidas para o inglês. Outra razão para seu destaque é a sonoridade, que mescla Thrash, Black, Death e Depressive Black Metal; entre as bandas que me vêem à memória escutando este álbum são Sarcófago e Ravendarks Monarchal Canticle, além da horda homenageada com um cover, que seria Amen Corner. Excelente gravação, realizada parte no Hurricane e outra parte no estúdio 1000, ambos de Porto Alegre. Dois músicos gravaram as baterias, Mephistopheles (atualmente das hordas Movarbru e Imortal Perséfone) e André Rodrigues (da Evil Emperor). A formação que está ilustrando as páginas do encarte é: Mielikki (bass), Tormento (guitar/vocals) e André Rodrigues (drums). O guerreiro Mephistopheles não faz mais parte da horda, por isso, apesar de ter gravado as baterias nas músicas 1 a 8 e 11, não está constando sua fotografia no encarte. O CD começa com o hino A Escuridão Me Conforta, com um dedilhado que é altamente nostálgico, antes da brutalidade que segue e uma letra com ódio e com sincero sentimento negro, certamente se referindo a apropriação tirânica dos cristãos das terras e das vidas dos povos nativos da terra hoje chamada de América Latina. Outros momentos, há referências ao período que influenciou na escolha para a nomenclatura da horda, que seria o das “grandes navegações”, envolvendo a economia mercantilista e a expansão da mentira cristã na nossa terra que outrora foi pagã e por que não dizer também anti-cristã! Este hino é coerente com a proposta negra e politizada da Brutal Morticínio. Bases excelentes e ríspidas, com uma bateria incessante, como a esmurrar com destemor os cristãos usurpadores do passado! Banho de Sangue tem algo de War de Burzum em suas bases iniciais, com certeza uma comparação que não será bem vista por algum integrante da horda a ler esta humilde resenha. Infelizmente este hino possui menos de três minutos. Basicamente é um Death/Thrash com letras que criticam a desigualdade econômica e outras ações que “alimentam o mal”. Como a horda em outro hino cita os guerrilheiros Tupamaros, agradeceram as FARC-EP em seu material anterior, mencionam nas letras os navios escravistas africanos, os tumbeiros, a resistência escrava afro-brasileira, os quilombos, para mim não fica muito claro o que seria este “mal” alimentado pela apatia, pelos lucros, pela guerra, desespero e pela dor. Comparando esta letra com a do hino chamado E... A Morte Triunfa, quando há o clamor pela celebração do “supremo mal”, diria que há ora crítica contra a maldade, ora celebração desta maldade! Eu destaco tanto liricamente quanto musicalmente os hinos Estúpido e Podre Homem Branco Cristão e Evocando os Obsessores Espíritos das Florestas Austrais, com nítidas influências do Depressive Black Metal, lembrando bandas como Xasthur, Anti, Sun Of The Sleepless (mesmo que eu sinta rondando em todos os hinos desta horda influência predominante de Sarcófago) e letras que ao meu ver sintetizam a essência ideológica desta horda, contra a civilização cristã e suas conseqüências e a favor dos povos nativos pagãos do passado e quem luta contra o resultado da praga cristã hoje. Afirmo que a Brutal Morticínio surge também para trazer à tona, temas hoje deixados de lado no underground brasileiro. A horda possui em sua formação dois historiadores, causadores da interessante complexidade ideológica desta horda, talvez ainda não devidamente compreendida por muitos! Indicado aos que buscam um Metal Negro ao mesmo tempo "old school" e diferenciado!! A horda com certeza importa-se tanto com a sua música quanto com a sua ideologia, isso é elogiável; são onze hinos, que vale a pena conhecer!!


Hass - Unprocessed Dementia (resenha)

Hass - Unprocessed Dementia
Por nekromanthorn@yahoo.com.br
(Estandarte do Inferno Distro)

A horda é sulista, com nome em alemão que lembra o sobrenome do herói do nazismo Walter Richard Rudolf Hess e em uma antiga fita demo estava a suástica! Possui tudo para ser uma horda de NS Black Metal, mas não! A Hass é uma das várias hordas do sul que não trata de política em suas letras (pelo menos os títulos dos hinos das antigas demos Unmoralisch Black Metal- 2002 e Incest The Virgin- 2007 não aludem ao nazismo); o nome Hass significa “ódio” em alemão e possui uma pronúncia bem diferente do sobrenome do mártir nazista que era egípcio e foi morto aos 93 anos quando cumpria a sua pena perpétua; e a suástica além de não ser uma criação de Hitler já foi usada por outras bandas de metal que não eram nazistas como o Sepultura! As letras tratam de temas como deturpação da religião, humor negro, necrofilia, morte, ódio, escuridão, e estão no encarte do álbum Unprocessed Dementia. Outra relação que foi feita com o nazismo foi a arte gráfica que nada tem a ver com o Rudolf Hess. Então creio ter deixado claro que a Hass não é uma horda de NS Black Metal!
A horda é formada no início dos anos 2000 por ex-integrantes de Luciferiano, Ausbombem e Impuro, mas não espere encontrar algo semelhante a estas hordas. Hass possui sonoridade específica e eu prefiro não fazer comparações! São nove hinos, totalizando 36 minutos, contendo um cover para "No One Knows I'm Gone" de Tom Waits, que me pareceu pura ironia. O som nem sempre é veloz, e as guitarras são sempre bem trabalhadas e criativas. Há diversas variações executadas por Enmys e Hr. Canello neste CD dedicado por eles as pessoas malvadas, pervertidas, egoístas, arrogantes e feias. O quarto som chamado Redemption Song está disponibilizada na internet.
Depois de lançar duas demos bastante elogiadas pelo underground, Hass lança este álbum oficial Unprocessed Dementia através da união de treze selos e distros (uma parceria inédita), são eles:

Aigan Productions (MG) - www.aiganprod.com.br
Alcatéia Distro (SP) - www.alcateiametal.com
Anaites Records (MA) - www.anaitesrecords.com
Battle Ruins Distro (SP) - www.battleruinsdisto.com
Blasphemic Art Distro (RS) - www.blasphemicartdistro.blogspot.com
Cauterized Produtions (RS) - www.cauterizedprod.com
Corvo Records (SP) - corvorecords@hotmail.com
Desgraça Records (PR) - www.desgraça-records.blogspot.com
Hammer Of Damnation (SP) - www.hammerofdamnation.com.br
Metal Reunion Records (RJ) - musicreunion@gmail.com
Profanação Metálica Distro (MT) - celsodistro@hotmail.com
Underground Brasil Distro (AM) - thony.sacrifice@gmail.com
Violent Records (SP) - www.violentrecs.yolasite.com

A iniciativa foi de Gil Dessoy da Cauterized Productions, ex- Satanael Records. O material gráfico foi bem elaborado, em preto e branco e em papel couchê. Há desnível de qualidade de gravação, com alguns hinos melhor gravados do que outros, os mais mal gravados são os mais brutais, como o destacável Torment, que finaliza este CD. Black Metal para mentes livres e imoralistas.